21:09

O que foi, o que é, e o que será

Publicada por Jonas Matos |

Vamos fingir que nos entendemos.
Vamos fantasiar que até sabemos como dizer as coisas bem.
Vamos imaginar que soubemos viver.
No final, damos por nós sem saber o que foi, o que é, e o que será.

15:24

Ponderação de Factos

Publicada por Jonas Matos |

Pus-me a pensar cá com os botões – se segunda-feira não tivesse ocorrido o circo mediático cujo palhaço principal foi Cristiano Ronaldo; e se na terça não tivesse ocorrido o último grande espectáculo pós morte de Michael Jackoson o que teria sido de Portugal?
Tendo em conta que a Comunicação Social tem por hábito dramatizar as questões de saúde, com a quantidade de casos a emergir cada dia, “o belo do excelente” jornalista português, (em suma) o sensacionalista, teria logo ido buscar a história da vida das vitimas da gripe, dos familiares, dos colegas de trabalho, e de toda uma panóplia de hipóteses coerentes e absurdas que só iriam originar o caos.
Faço público que um dia quero ser jornalista.

23:33

Gripe A Ou Gripe H(istérica)?

Publicada por Jonas Matos |

Em Portugal tem vindo a ser confirmados, em média, 5/7 casos por dia de Gripe Suína. O que faz ao todo, 70 casos, mais coisa menos coisa.
Tendo em conta que só 10 desses casos estão em observação hospitalar, os restantes 60 já estão no activo, isto é, a trabalhar ou nos seus afazeres, para que tanto histerismo mediático?

22:40

Trabalho - A integração da Pessoa Deficiente

Publicada por Jonas Matos |


“A integração das pessoas com deficiência não é da competência exclusiva do Estado, sendo igualmente da sociedade no seu conjunto e de todos os seus membros, seus representantes e instituições”[1].
“É cada vez mais importante o papel da iniciativa privada, no que diz respeito à defesa dos direitos fundamentais do ser humano com incapacidades, sejam de foro físico ou psíquico, tendo em conta que o Estado continua a não assumir toda a sua responsabilidade no atendimento adequado aos deficientes”[2].
Estas duas citações referem as entidades que têm responsabilidade na integração social do deficiente.
A pessoa com deficiência tem de deixar de ser vista segundo a ideia estigmatizada da pessoa deficiente como um “ser inferior”, mas antes como um indivíduo que tem participação plena na sociedade. A pessoa deficiente é um indivíduo dotado de direitos e deveres, pelos quais reivindica, como produto da própria sociedade.
No momento presente, há várias associações[3] que têm como principiais objectivos a luta por uma lei não discriminatória, ou seja, uma lei que permita ao deficiente ser reconhecido pelo seu “potencial” como qualquer outro indivíduo social.
Estas associações procuram consciencializar e encaminhar[4], quer a pessoa deficiente, quer os que fazem parte das suas relações interpessoais; contestam a legislação vigente[5], mediante os problemas postos pelas pessoas com deficiência; integram o deficiente na sociedade, veiculando, deste modo, a ideia de que a sociedade tem a obrigação de se adaptar a todos os indivíduos; facilitam a comunicação entre deficientes, bem como entre estes e as famílias, instituições e, sobretudo, entre os membros da sociedade em geral[6]; e por fim, empenham-se em destruir as barreiras arquitectónicas que dificultam a integração social do deficiente[7].
Para melhor entender o papel destas associações, torna-se necessário referir que existem dois tipos de associações:
- Associações de deficientes, que têm como objectivo informar, encaminhar, consciencializar, reivindicar toda a problemática do deficiente. Neste tipo de associação os lugares de destaque – presidente, vice-presidente e tesoureiro – são ocupados por deficientes[8].
- Associações para deficientes, nas quais os elementos da direcção são, por hábito, familiares chegados a pessoas com deficiência ou indivíduos que lidam e têm especial interesse por deficientes. São associações vocacionadas para indivíduos com uma deficiência específica[9].
Se é ao Estado que cabe um dos papéis essenciais no processo de reabilitação[10] das pessoas com deficiência, este não tem respondido às expectativas das instituições competentes[11] que tem apresentado propostas de legislação. O Estado tem sido alvo de criticas por parte dos intervenientes nestes processos que alegam que os direitos dos deficientes, enquanto cidadãos, não estão a ser considerados, mesmo quando já há legislação[12]. O Estado e os sucessivos governos e outras instâncias oficiais são mesmo acusados de falta de sensibilidade na abordagem dos problemas dos deficientes[13], quer pelo não cumprimento da legislação, quer pela sua ausência em determinadas áreas. Não é de todo inoportuno referir que a Constituição da Republica Portuguesa, desde 1976, obriga o Estado a respeitar qualquer tipo de deficiência[14].
O único elo de ligação entre estas associações e o Estado é o Secretariado Nacional de Reabilitação (S.N.R). Aliás, está previsto na legislação[15], para além da intervenção do Estado, a sua ligação com as instituições[16]. O Estado, com a colaboração do Secretariado, delibera sobre os diversos aspectos que se referem às pessoas com deficiência, tais como, educação, saúde, orientação e formação profissional, emprego, tratamento e ajudas terapêuticas, integração social e meio ambiente (acessibilidades, transportes, habitação, comunicação), protecção social, económica e jurídica e informação[17].
Uma das temáticas mais polémicas referentes à integração do deficiente é a das acessibilidades. A existência de barreiras físicas (nos transportes públicos e nas formas arquitectónicas dos edifícios, por exemplo), dificultam a vida aos cidadãos, constituem um grande obstáculo à integração profissional e social das pessoas com deficiência, limitando o seu acesso à igualdade de oportunidades a que têm direito.
O Estado, em colaboração com S.N.R., no âmbito do projecto de acessibilidades[18] pretendeu sensibilizar a sociedade civil (com prioridade para os agentes sociais responsáveis e intervenientes em matéria de construção e de transportes), para a importância da adopção de medidas nestas áreas, de modo a permitir a plena integração das pessoas portadoras de deficiência na vida activa e, assim, promover também a melhoria também da qualidade do atendimento aos utilizadores dos transportes. Quis igualmente contribuir para a existência de um conjunto de técnicas especializadas em matéria de acessibilidades responsabilizando, sobretudo, as universidades e autarquias. Por fim, divulgou medidas de ordem técnica sobre eliminação de barreiras arquitectónicas como instrumento de desenvolvimento de projectos de arquitectura e urbanismo numa perspectiva de acessibilidade para todos, independentemente de terem ou não deficiência[19].
Apesar de todas as medidas tomadas com o objectivo de promover a integração dos deficientes, as reivindicações destes vêm já desde 1976[20]. Como se constata, os acessos a edifícios públicas ou privadas e transportes públicos não é fácil e continua sem resolução. De tal modo que, no que diz respeito a transportes públicos, continua a ser necessário o recurso ao automóvel, constituindo o direito ao acesso a transportes públicos uma das maiores lutas associativas perante o estado[21].
Em 1984, foi publicada legislação contendo os parâmetros das acessibilidades. No entanto, após a publicação[22], esta legislação foi suspensa por motivos económicos, alegou o governo vigente. Em 1986, surge, então, uma recomendação sobre a tão desejada legislação[23].
Tendo tudo em consideração, conclui-se que muito há ainda a fazer para que todos os deficientes tenham acompanhamento específico para as particularidades da sua deficiência e se sintam integrados na sociedade.
Por integração compreende-se “a entrada ou incorporação num conjunto”[24], o que significa, em Sociologia, ser aceite como cidadão de pleno direito de um grupo do qual se estava excluído. É um processo lento, simultaneamente individual e colectivo que corresponde à adaptação a um novo modo de vida de um colectivo que pode não ser idêntico ao seu meio[25], isto significa que há uma combinação entre os dois, podendo, por isso, ser enriquecedor ou traumatizante para o indivíduo. A classe política, por muitos esforços que tenha vindo a fazer, mostra-se ataráxica, até porque agiu tardiamente, em relação ao resto da Europa e de uma forma desadequada em relação às necessidades.
Nesta linha de pensamento, é inevitável abordar a discriminação. De facto, a sociedade só admite existir discriminação relativamente a grupos pertencentes a outra raça, sexo, orientação sexual, língua, religião, origem territorial ou social, não abrangendo a discriminação de pessoas portadoras de deficiência. A discriminação do deficiente é difícil de conceituar, na medida em que, se por um lado pode ser passiva, (faz-se transparecer uma igualdade formal que não tem em conta à situação real de desigualdade), por outro lado, aparece de uma forma mais activa (como é o caso da intolerância)[26].
Numa última análise, acredito que muito ainda se pode fazer em relação à integração das pessoas deficientes na sociedade. A vontade política e a dos comuns cidadãos têm que se unir num todo contínuo, que permita, a cada pessoa portadora de deficiência, ter voz activa na sociedade. É imperioso desmistificar a ideia ainda enraizada na nossa sociedade que o deficiente é um ser inferior.
Todos temos o direito à diferença. Não se pode esquecer o slogan da campanha da Amnistia Internacional de que somos “Todos Iguais; Todos Diferentes”.
[1] C.f. VÁRIOS AUTORES, 1992, pág. 47
[2] C.f. VÁRIOS AUTORES, 1994, pág. 58
[3] Associação Portuguesa de Deficientes; Associação de Deficientes das Forças Armadas; Cooperativa para a Educação e reabilitação de Crianças Inadaptadas de Lisboa e Centro de Inovação para Deficientes
[4] Ver Anexo III, págs. 37 e 38; 43-47; 53 e 54
[5] Ver Anexo II, págs. 26-36
[6] C.f. VÁRIOS AUTORES, 1992, pág. 66
[7] Ver Anexo III, págs. 27-44
[8] Ver Anexo III, págs. 37 e 38; 43-47; 53 e 54
[9] Ver Anexo III, págs. 37 e 38; 43-47; 53 e 54
[10] Reabilitação: “[…] é um processo global e continuo destinado a corrigir a deficiência e a conservar, desenvolver ou a restabelecer as aptidões e capacidades da pessoa para o exercício de uma actividade considerada normal. […] Envolve o aconselhamento e a orientação individual e familiar, pressupondo a coperação dos profissionais aos vários níveis sectoriais e o empenhamento da comunidade” in Legislação para o Deficiente, Politica de Reabilitação, Volume I, 1995.
[11] Todas as Instituições de Solidariedade Social cujo objecto afecta os deficientes.
[12] Ver Anexo II, págs. 26-36
[13] Ver Anexo II, pág. 29
[14] C.f. MIRANDA et al, 2006, pág. 75
[15] Ver Anexo II, pág. 32
[16] Ver Anexo II, pág. 30-33; Anexo III, págs. 37 e 38; 43-47; 53 e 54
[17] Ver Anexo II, pág. 32
[18] Projecto ainda por concretizar (desde 1996)
[19] C.f. VÁRIOS AUTORES, 1992, pág. 2-6
[20] C.f. CRESPO, 1979, pág. 12
[21] Ver Anexo II, pág. 33
[22] Ver Anexo II, páf-30-33
[23] Ver Anexo II, págs. 30-32 e Ver Anexo IV, págs 66-68.
[24] C.f. MAIA, 2008, pág. 209
[25] C.f. AGUIERRE BELTRÁN, 1982, pág. 34
[26] C.f. BOUDON, 1995, pág. 103

22:31

Trabalho de Pesquisa - O Sorriso

Publicada por Jonas Matos |

O poema de Eugénio de Andrade (já referenciado no Blog) explana uma das formas mais significativas das emoções. O sorriso é, de facto, a expressão maior dos nossos sinais emocionais não verbais[1].
As emoções são sentimentos que têm, por norma, elementos psicológicos, fisiológicos e cognitivos que actuam no nosso comportamento. Demonstram-se para nos preparar para a acção, adaptar para o futuro, regularizar a interacção social e podem ser exemplificadas sob a forma de expressões faciais que cada um produz e que representam o principal meio de comunicação de estados emocionais.[2].
O sorriso, o meu ponto de interesse de momento, é um dos comportamentos não verbais da expressão das emoções, que estabelece uma indispensável maneira de as comunicarmos[3].
O sorriso, como canal individual, leva uma mensagem que poderá ou não estar relacionada com a que é transmitida pelos outros canais[4] (piscar o olho, levantar o sobrolho, torcer o nariz, entre outras) ou até mesmo pelo indivíduo que a está a recepcionar.
Numa concepção mais teórica, é questionável se o sorriso pode ser considerado um canal individual de representação da emoção universal.
Acredito que o seja, na medida em que são vários os povos de culturas e religiões distintas que demonstram a sua emoção positiva de alegria[5] na forma de um sorriso, activando, assim, um conjunto de impulsos nervosos que permite que a zona facial inferior se mova para demonstrar essa expressão[6].
Este sinal emocional – o sorriso – constitui também um sistema de ligação precoce que permite ao bebé, levar o adulto a interessar-se por si e, assim, obter as respostas necessárias ao bem-estar e à sua sobrevivência[7].
Mesmo quando já adquirida a linguagem ou outros meios já elaborados de interacção[8], qualquer criança (e também alguns adultos) numa situação extrema de emoção, quer positiva (amor, alegria, atracção, estima), quer negativa (raiva, tristeza, medo)[9], recorre às emoções não verbais para assegurar uma comunicação expressiva imediata desse mesmo estado.
O sorriso faz ainda parte da componente expressiva da emoção que tem, mais no âmbito sociológico, uma função social importante, pois é com o sorriso que se atinge uma outra forma de comunicação – a simpatia – e, assim, através do conjunto de expressões faciais fica-se a conhecer melhor o estado do indivíduo[10].
Numa abordagem mais pessoal e reflexiva, considero que o sorriso é uma manifestação tipicamente humana que envolve uma das expressões faciais mais frequente em cada um de nós. Como uma representação física de uma emoção, o sorriso funciona como um meio de comunicação entre os indivíduos. Facto é que, na convivência social, o sorriso alivia tensões, facilita as relações, gera confiança. Daí que uma pessoa sorridente se torna, aos olhos dos demais, numa pessoa simpática, atraente e cativante.
Nesta perspectiva, compreende-se a dimensão psicológica do poema “O Sorriso” de Eugénio de Andrade. “O sorriso foi quem abriu a porta” é uma metáfora; é como se dissesse que foi com um sorriso que nascemos [o abrir da porta], ao mesmo tempo que “Correr, navegar, morrer naquele sorriso” significa o desenvolvimento do ser humano e, a sua morte, sempre com um sorriso, como refere o psicólogo Freitas-Magalhães[11].
[1] C.f. MONTEIRO e FERREIRA, 2006, pág. 68
[2] C.f. FELDMAN, 2001, págs. 344-348 e 353-357
[3] C.f. FELDMAN, 2001, págs. 353 e 356
[4] C.f. FELDMAN, 2001, pág. 353
[5] C.f. FELDMAN, 2001, pág. 354
[6] C.f. FELDMAN, 2001, pág. 356 – De acordo com o programa da expressão facial in “Facial expression and Emotion” (1994)
[7] C.f. MONTEIRO e FERREIRA, 2006, pág. 68
[8] C.f. MONTEIRO e FERREIRA, 2006, pág. 68
[9] C.f. FELDMAN, 2001, pág. 346
[10] C.f. MONTEIRO e FERREIRA, 2006, pág. 73
[11] “"O sorriso é vida: nasce, desenvolve-se e morre connosco..." in http://jpn.icicom.up.pt/2008/01/03/o_sorriso_e_vida_nasce_desenvolvese_e_morre_connosco.html