20:20

Saramago e a Religião

Publicada por Jonas Matos |

Vivemos hoje um tempo de liberdade. Ou suposta liberdade. Facto é que, conquistadas as liberdades de Abril, 35 anos depois, vivemos um pouco a medo de dizer aquilo que pensamos com a noção que poderão haver represálias por parte de quem manda ou de quem pensa que domina.

Poucos são hoje as pessoas que dizem aquilo que pensam e os que lhes vai na alma. A eles chamamos-lhes, carinhosamente, maluquinhos. São eles Marinho Pinto, Manuel Alegre, Joana Amaral Dias, entre outros, e claro José Saramago. Curioso é o facto de todos estarem mais, ou menos, ligados à esquerda portuguesa, por vezes, bastante diferente da europeia, um pouco mais democrática.

Centremo-nos na questão inicial.
Saramago não é ateu. É simplesmente um anti-cristo, um anti-igreja católica, um autentico fanático da doutrina “A Religião é o Ópio do Povo” de Karl Marx, em suma, é um puro soviético, uma raça em vias de extinção. Devemos, só por isso e por muito que não concordemos com a ideologia politica, uma salva de palmas, porque não há ninguém ou muitos poucos que ainda acredite nos ideais soviéticos como Saramago.

A Igreja Católica e todas as minúsculas ou maiúsculas “Sub religiões e igrejas”, em tempos, fizeram atrocidades como as cruzadas. Porem, hoje não é preciso comprar guerras (estas mais verbais) como Saramago as comprou. Terá sido um golpe de Marketing? Se Sim, foi bom, mas demasiado ousado.

Os princípios católicos estão ainda demasiado presentes na cultura portuguesa, infelizmente. Precisamos de uma maior democratização da religião, seguindo o exemplo de Obama; precisamos de alguém como Saramago para começar com essa cisão, mas de forma mais moderada.

19:58

Bicharoco de lata

Publicada por Jonas Matos |


Em dez minutos de passeio, recordamo-nos de tudo um pouco que vivemos em quase dois anos.
Acompanhou-me naqueles pedaços de vida cruciais de um adolescente.
Não acredito quando amanha olhar para a rua e vir um vazio.
Nunca pensei em chorar por um carro, mas é verdade, agarrei-me tão fisicamente uma coisa física e material que nunca pensei que fosse tão difícil separar-me dela. Chorei tarde inteira e agora ainda solto umas lágrimas!
Parece-me que perdi alguém.
Às vezes penso que desenvolvi uma relação de amizade com ele.
Vou relembra-lo com carinho, e guardar tudo o que tenho dele na caixinha das recordações.
Até um dia, Peugeotzinho.

18:19

A subtileza das coisas inúteis

Publicada por Jonas Matos |

Às vezes, descobrimos coisas que não queremos descortinar.
Por vezes, vemos coisas que pensamos que não estamos a contemplar.

Sentir que, de alguma forma, temos uma sombra atrás de nós, uma espécie de carrapato, de todas as nossas acções pode tornar-se dramático.

Parecer que cada acção nossa é reproduzida meticulosamente e aperfeiçoada de forma "arcaica", assusta.

Olhar para os nossos amigos, que são únicos e conquistados por nós, e ver que essa sombra tenobra se converte amigo deles, é estranho.

E depois, quando perguntamos o porquê...
Há uma reposta... – “não sei”.

Não sei se é vingança, imitação ou admiração.

Será esta a subtileza das coisas inúteis?