"Eres tan bonito, eres así de grande que no tenias fin; Solo puedo pensar en ti, me gustaría que los días fueran segundos para verte pronto cerca de mi" D.M.
Não quebro promessas meu amor,
o como é isto,
o que tomo no peito
e te entrego nas mãos:
A solidão da minha cama está igual,
é tudo demasiado banal
para a minha mente retorcida.
Foste-te embora
sem deixar nenhuma ferida
nos meus pés,
que aquecias quando te chamava
para me fazeres companhia.
Tens memória das histórias
que me contaste quando cheguei?
Quando me mostraste a cidade
e me abriste ao que sou.
Sabes que te dou tudo,
mesmo quando me iludo
com paixões passageiras...
Não se comparam às tuas canções,
que ainda oiço de vez em quando
nos dias em que a tua voz
ecoa nos meus ouvidos...
quando há alaridos
que só tu podes compreender.
Sinto falta de beber
as tuas palavras inocentes,
que de uma forma egoísta
quero que ainda sejam
tão incoerentes como as minhas.
Sonho connosco em lusco fusco
e fujo quando molho o papel
e esborrato as letras,
tão difusas como nós.
Tu sabes João,
que o meu coração é teu...
E vai ser para sempre,
mesmo quando estejas doente
por outro alguém que não eu.
Há amores assim...
E se chegar um fim,
temos sempre as nossas cartas,
escritas ou não,
mas sempre de amor.
Porque não há maior virtude
do que a inquietude do ser.
(Este poema não é de minha autoria. A autora é uma pessoa que quero muito. Gracias mi amor. Eres un sin fin de te quiero)
“Acima de tudo, perdemos a ideia de quão importante seria conservar o que deixámos para trás...” (A. S. M.)
O rebanho é os meus pensamentos
E os meus pensamentos são todos sensações.
Penso com os olhos e com os ouvidos
E com as mãos e os pés
E com o nariz e a boca.
Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
Por isso quando num dia de calor
Me sinto triste de gozá-lo tanto,
E me deito ao comprido na erva,
E fecho os olhos quentes,
Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
Sei a verdade e sou feliz.
Alberto Caeiro
Surgiu-me, de imediato, a máxima de Descartes Cogito ergo sum – “Penso, logo existo”, em oposição à máxima criada pelo cientista português, António Damásio, “Sinto, logo existo”.
Em Alberto Caeiro, Fernando Pessoa mostra que já estava à frente do seu tempo, dado que, de uma forma indirecta, punha já em causa as teorias classicistas. Aliás, Caeiro é, na minha opinião, o mais interessante dos três heterónimos de Pessoa, ou até mesmo do próprio Pessoa, pois realça a natureza, chama a atenção para a realidade que nos é transmitida através dos nossos sentidos e vive essa realidade tal como ela é, sem juízos de valor.
Sob uma aparência de simplicidade, esta composição poética tem uma grande riqueza de conteúdo.
0 sorriso foi quem abriu a
porta.
Era um sorriso com
muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa,
ficar
nu dentro daquele
sorriso.
Correr, navegar, morrer
naquele sorriso.
Eugénio de Andrade in Variações sobre um supro (1979)