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Saramago e a Religião

Publicada por Jonas Matos |

Vivemos hoje um tempo de liberdade. Ou suposta liberdade. Facto é que, conquistadas as liberdades de Abril, 35 anos depois, vivemos um pouco a medo de dizer aquilo que pensamos com a noção que poderão haver represálias por parte de quem manda ou de quem pensa que domina.

Poucos são hoje as pessoas que dizem aquilo que pensam e os que lhes vai na alma. A eles chamamos-lhes, carinhosamente, maluquinhos. São eles Marinho Pinto, Manuel Alegre, Joana Amaral Dias, entre outros, e claro José Saramago. Curioso é o facto de todos estarem mais, ou menos, ligados à esquerda portuguesa, por vezes, bastante diferente da europeia, um pouco mais democrática.

Centremo-nos na questão inicial.
Saramago não é ateu. É simplesmente um anti-cristo, um anti-igreja católica, um autentico fanático da doutrina “A Religião é o Ópio do Povo” de Karl Marx, em suma, é um puro soviético, uma raça em vias de extinção. Devemos, só por isso e por muito que não concordemos com a ideologia politica, uma salva de palmas, porque não há ninguém ou muitos poucos que ainda acredite nos ideais soviéticos como Saramago.

A Igreja Católica e todas as minúsculas ou maiúsculas “Sub religiões e igrejas”, em tempos, fizeram atrocidades como as cruzadas. Porem, hoje não é preciso comprar guerras (estas mais verbais) como Saramago as comprou. Terá sido um golpe de Marketing? Se Sim, foi bom, mas demasiado ousado.

Os princípios católicos estão ainda demasiado presentes na cultura portuguesa, infelizmente. Precisamos de uma maior democratização da religião, seguindo o exemplo de Obama; precisamos de alguém como Saramago para começar com essa cisão, mas de forma mais moderada.

6 comentários:

catarina ferreira disse...

É uma pena que esta raça esteja em vias de extinção!
Acho que um Estado que se pronuncia laico é muito cristão ainda!

Anónimo disse...

Penso que o Saramago fui rude e agressivo na forma como proferiu as suas opiniões em relação à Igreja. Para mim foi, de facto, um bem orquestrado golpe de marketing.
Assim chamou a atenção dos ateus, dos religiosos e até da própria Igreja. Há maneira melhor de publicitar um livro? A polémica dá dinheiro a alguém, disso estou eu certo.

Quanto à liberdade de expressão; sim, ela existe, de facto. Muitas vezes as pessoas não se expressam por medo das reacções da sociedade. Ou seja, há aqui uma falta de respeito da sociedade (no geral) para com os seus membros.

Todas as opiniões são válidas se forem fundamentadas num raciocínio lógico, racional, tolerante. No geral, com respeito e inteligência.

Mas voltando ao tema inicial e finalizando; foi uma boa jogada do Saramago. Fiquei interessado em ler o livro, mas sinceramente não gostei da atitude dele, de vir fazer espectáculo para os meios sociais.

X__Alien disse...

O Saramago é o Marilyn Manson português!

Unknown disse...

aki tou eu outra vez para comentar pk o outro coment nao ficou, a net foi a baixo XD

A liberdade de hoje acho que não e' aquela que queriam com o 25 de Abril, ha' muitos assuntos que ainda não se falam por medo dessas represálias, mas também e' verdade que existem alguns que falam deles, mas depois "cai-lhes" tudo em cima, aquilo que Saramago disse foi a sua opinião, que eu acho que ainda temos direitos a exprimi la seja ela qual for. Mas em vez de aceitarem a opinião dele, falaram que era uma campanha de publicidade para o livro dele (Saramago não precisa de publicidade, ele e' Nobel todos sabem quem ele e', até sai nos exames nacionais), houve ate' um deputado europeu (se não me engano) que disse que Saramago devia renunciar a nacionalidade Portuguesa, Renunciar a nacionalidade por dar uma opinião!? mas que país e' este afinal!?

PS: Vou comprar o livro, para ler quando tiver um pouco de tempo, não por causa da polémica, mas sim porque ja' a algum tempo que ando para comprar um livro de Saramago, e talvez seja este.

abrcos

Anónimo disse...

Dizia um Senhor, de nome José Afonso, que aquilo que se queria no 25 de Abril não é de todo aquilo que se vive actualmente (em meados dos anos 80), e que parte dos jovens a fuga à alienação que este estado sustentado pela direita tem criado, lutando pela verdadeira liberdade.
Quanto ao Saramago, será mais louco o que se recusa a acreditar no que nunca viu, ou aquele que insiste em dar nome e a atribuir acções ao que não consegue provar?
E depois, não percebi porque misturaste uma frase de Karl Marx com "ideais soviéticos", e muito menos porque disseste que "muitos poucos que ainda acreditam", na realidade, o marxismo-Leninismo (que julgo ser a ideologia politica que te baseias afirmando-a como "ideais soviéticos" e que é a base ideológica de Saramago) é usada como base no Partido Comunista Português e da Juventude Comunista Portuguesa, ambos com milhares de militantes, com assento parlamentar, e com uma elevada participação no poder local, alem de ser o partido Português com mais participação na assembleia e em propostas concretas, longe das discussões de fachada de escutas e afins, e de ser o partido que continua a estar presente na defesa dos direitos dos trabalhadores e dos estudantes, todos os dias, sem necessidade de votos e eleições.
Não somos poucos, antes pelo contrários.

Jonas Matos disse...

"Quanto ao Saramago, será mais louco o que se recusa a acreditar no que nunca viu, ou aquele que insiste em dar nome e a atribuir acções ao que não consegue provar?" Eu gosto de Saramago e gosto da sua perspectiva. Ele é um "bom louco".
Os Jovens de hoje preferem a pacatez daquilo que os direitistas e igreja proclamam, à reclamação e à revolta. é por isso que deixamos Bolonha seguir, entre outras coisas. Não posso ser gente que gosta de gente e não ser esquerdista! Já agora, quem é?