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O nosso estranho caso

Publicada por Jonas Matos |

Quero-te dizer uma coisa. Pode parecer-te estranho (como tudo o que somos para nós), mas “acho” que estou a gostar de ti.
Cada vez mais acredito que não importa a quantidade de tempo que nos conhecemos, mas a maneira como vivemos intensamente o nosso tempo.
E assim, sem dúvidas, apetecia-me ser livre, no todo que a palavra significa para ti e para mim. Ficávamos os dois a olharmo-nos e depois a vermo-nos, como “sempre” fizemos, mas desta vez, que seria a primeira vez, sem restrições ou compromissos. E ao contrário dos comuns, nós na nossa singularidade, limitávamo-nos ao metafísico. Afinal, o físico sempre ficou à parte.
Não há nada como estar perto de ti.

4 comentários:

Luís Gonçalves Ferreira disse...

É giro declinares o físico e depois querê-lo em ti, quando afirmas que a presença te reconforta. A rapidez, a prontidão, o encantamento. É do mais bonito que se pode tirar das pessoas e das relações que com elas estabelecemos. Saio agora de uma "coisa" que me virou de pernas para o ar e revejo-me em algumas linhas que escreves.

Abraço,
Luís

Anónimo disse...

Em nós, reles mortais, o olhar transforma. Tão sui generis, tão mais quase banal, tão ambiguo, contraditório, um olhar é quase tudo. Tão nada, e quase tão tudo. Vivo das palavras bem como vivo do meu olhar, vivo de tudo e de nada, e assim vivo, livre. Vivo porque viver me faz bem, viver faz-te bem, faz-nos bem, e em todas as ouras conjugações verbais permanecerá eternamente viver, sem compromisso, sem vinculos, sem burocracias. Olho o papel em branco e a caneta treme, hesita pintá-lo, escrevê-lo, diz-me que nada será tão profundo quanto um mero olhar que responda a todas as perguntas de uma vez. Olho e volto a olhar para a folha em branco, traço riscos sem nexo. Não que esteja perdido, não estou, encontrei-me novamente, mas divago no papel em branco sem desenhar letras, sem que seja necessário acentuar, pontuar ou dissertar. Disse-me a caneta, hoje, enquanto tremera com medo de responder, que nada seria mais sincero que esse mesmo olhar. Estranho caso, dissera-o para mim vezes sem conta esta noite, dissera-o durante a manhã e durante a tarde, e ainda assim espero voltar a sonhar. Adormecer e tarde acordar, consciente de que começou tudo a partir do olhar. Não quero palavras queridas por agora, não pretendo elogios simpáticos ou algum tipo de bajulação. Quero tão-somente que assim sejas, tu próprio, como sempre tens sido, como sempre te olhei. "Estranheza", assim ficará, e no nosso desconhecido saberemos porquê, sem que mais ninguém nos estranhe por isso. Se acordo amanhã? Não sei, mas vou sonhar,
Anónimo

Phedra Genevrois disse...

Revejo-me em cada linha do que escreveste.

regis-pereira.óleo/tela disse...

Ola! gostei do blog, Prabéns.